Existem gatos extremamente territoriais e arredios diante de outros. Sobretudo, quando se trata de machos adultos não castrados que cresceram e viveram como filhos únicos, mas a verdade é que qualquer filho único com uma casa só para si mostra alguma relutância em partilhar a sua casa com um novo gato. E também pode acontecer o contrario, isto é o gato da casa aceitar bem o novo gato mas o outro ter uma reacção bastante negativa.
O segredo é como fazer a aproximação entre os bichanos. É fundamental que seja um processo gradual, no qual ambos os exemplares se sintam o mais relaxados possível e não amedrontados.Se o recém-chegado for do sexo oposto ao do veterano, é mais fácil que se tornem amigos e se for um gatinho também ajuda. De qualquer forma, as dicas abaixo servem para todos os casos: adultos, bebés, do mesmo sexo ou não.
1º Antes de trazer o caloiro para casa, prepare um lugar só para ele, colocando ali comida, água, cama, caixa de areia, brinquedos e afins. O ideal é que o primogénito deixe de frequentar esse local alguns dias antes da chegada do novo gato, de forma que não associe directamente a perda de espaço ao novo habitante.
2º Durante alguns dias o mais recomendável é que eles não se vejam, mas apenas que percebam o cheiro e os barulhos um do outro. Para reforçar o contacto olfactivo entre os dois e fazer com que criem uma associação positiva em relação ao odor do outro, esfregue um pano seco em cada um deles — não use o mesmo pano para os dois.
O objectivo é que o pano adquira o odor do gato em que foi esfregado. Passe cada pano no ambiente do outro: na cama, próximo à comida e em pontos estratégicos que costumam ser apreciados pelo gato em questão. Também é indicado deixar o pano no território do outro. Como complemento, acaricie um dos gatos e, sem lavar as mãos, faça festas ao segundo e vice-versa. Faça isso várias vezes por dia. Em alguns momentos, troque os gatos de ambiente. Mantenha o recém-chegado no território do primogénito, e o primogénito no do recém-chegado.
3º Para que o próximo passo seja dado, é preciso que os gatos já não estejam a rejeitar a presença do outro em excesso. Os sinais de que isso ocorreu variam: em certos casos, ambos passam a aceitar sem restrições ficar perto do pano impregnado pelo odor do outro ou deixam de se estranhar através da porta que os separa. Enfim, quando tiver indícios de que eles estão menos arredios, já é aconselhável tentar os primeiros contactos visuais. Abra o local onde está o recém-chegado, mantendo uma grade ou rede na porta, de forma a impedir que se toquem para evitar um encontro agressivo que seria difícil de remediar. Faça isto duas ou três vezes por dia, em momentos potencialmente agradáveis, como a hora da refeição ou a hora de brincar. A tendência é que eles comam juntos e passem a associar a presença do outro a acontecimentos agradáveis. Quando se aproximarem apenas para se cheirar, recompense-os de alguma forma, seja com festa ou com petiscos. Se a demonstração de agressividade, contudo, for extrema, é o caso de retroceder no processo e voltar aos contactos olfactivos e auditivos.
4º Se os dois gatos já toleram a presença um do outro sem reacções agressivas e inclusive já se cheiraram curiosos então está na altura de tirar a rede. Comece por abrir o local com a rede na altura da refeição em que ambos estão frente a frente e então delicadamente retire a rede ou grade. Caso note alguma agressividade volte mais uns dias à fase anterior de contactos visuais através da rede por mais uns dias até não haver de novo reacções negativas.
5º Se tudo correr bem, mantenha-os soltos, mas evite situações de disputa, faça festas a ambos, não refile caso haja uma situação de conflito, não coloque o novo gato em locais preferidos pelo primogénito, ele tem que conquistar esses locais sozinho. Mantenha pelo menos duas caixas de areia e aplique o mesmo princípio para camas e pratos de água e comida.
Pode acontecer que o gato mais antigo, para provar sua liderança, impeça o mais novo de comer, aproximando-se dele toda vez que ele iniciar uma refeição. O mesmo pode acontecer para o uso de camas e caixa de areia. É assim necessário manter os acessórios afastados, impedindo que os gatos tenham controle absoluto de quando algum estiver em uso, e ter mais do que ma caixa de areia e tigelas de comida e agua. Seja como for, nos primeiros dias de vida livre em comum, não deixe as suas mascotes juntas sem vigia. Quando tiver de se ausentar, o mais seguro é separá-los.
Aja desta forma até que o convívio entre eles pareça realmente amigável, o que pode levar de poucos dias até alguns meses.